Saudade é o Amor que Fica.
Não interessa o valor que deixaremos de herança, seremos
lembrados por algo incomum que fazíamos: se éramos divertidos ou não, honestos (ou
não), como tratávamos as pessoas, encarávamos a vida e os problemas.
Nós, enquanto vivos, também lembraremos daqueles que se vão,
exatamente pelos mesmos motivos.
Entretanto, de alguns não guardaremos lembrança alguma.
Não fazemos por mal, mas rapidamente limpamos de nossas memórias
aqueles que nos trouxeram dor, tristeza ou mal-estar. Aqueles inconvenientes.
Dizer que a partida deles é um alívio é um exagero, mas seria um peso a menos
nos ombros as mágoas que essas pessoas nos causam.
Um exemplo: meu avô morreu em 1981. Segundo meus tios e meu
pai, ele era um homem muito duro. Eu o conheci já ancião, não vi essa fase, mas
até hoje, ninguém jamais falou que ele tenha sido um homem desonesto, que não
tenha cumprido suas obrigações ou sua palavra. Lembro dele sempre, com uma grande saudade. O mesmo posso dizer das minhas avós.
Há alguns dias um tio querido nos deixou. A maneira como ele
sempre me tratou, com civilidade, suas piadas, brincadeiras, seu sorriso aberto
não será esquecido.
E assim guardo uma ou outra coisa deste ou daquele, vivo ou que
já está em outro plano, que me marcou positivamente.
Para os negativos? Desapego.
Como diz o meu pai: me queira bem que não custa nada.
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