O Mal do Século
Tentar explicar a depressão tem sido uma grande dificuldade
porque ela é fruto de diversos fatores.
A baixa autoestima. Diante de um meio ambiente de muita cobrança,
de muitos desafios, pessoas podem sentir-se em constante pressão para alcançar
uma qualidade que já possuem, mas que outros, ao seu redor, não reconhecem. Até
o aço mais duro vergasse.
Falta de reconhecimento. Na mente do depressivo muito é entregue, pouco é
recebido de bom agrado, por nada existe agradecimento. Entrega-se demais: amor,
atenção, cuidado, tempo, mas quem recebe entende que não é um presente, mas a
normalidade. Não entende o presente e não presenteia de volta, nem mesmo com um
sorriso.
Preconceito. Negros, velhos, mulheres, pessoas fora do padrão de beleza, pobres
e sem educação formal que vivem à margem da sociedade. Como ser feliz sendo
escolhido às avessas, não para fazer parte, mas sim para ser ignorado?
Desempregados, mas com diplomas e certificados pendurados na
parede, experiência em diversos campos profissionais, entretanto, por serem qualificados demais para alguma posição no mercado.
Seguir o que é certo, ético, diferenciar-se de uma grande
maioria da população que não percebe que honestidade não é motivo de elogio,
mas condição sine qua non para viver em sociedade e não ser um exemplo ao menos
para os filhos.
Falta de dinheiro, situações limites de sentimentos e
emoções, complexos de infância, desejos que jamais serão alcançados.
São tantos motivos que os motivos que cada um se torna todos.
Mas o que sente os depressivos?
Provavelmente, em comum, o vazio.
O vácuo dos amigos, dos
sentimentos, de sentir-se necessário, de não ser um peso para ninguém. A
tristeza que acontece quando esse vácuo acontece – a qualquer momento – pedindo
por mais solidão, que se retroalimenta.
O depressivo odeia estar no buraco escuro em que se encontra
e ao mesmo tempo não quer sair de lá.
Jamais diga para alguém com depressão “isso vai passar, é
algo passageiro”.
Não seja médico de algo que não conhece. Seja amigo! Sente ao
seu lado, em silêncio, escute sem julgar ou, apenas esteja presente.
Seu tempo, um remédio de um valor imensurável já que não
pode ser pago ou devolvido, é apenas o que o doente pede.
Alguém que olhe por ele, que se importe, não que tenha pena.
O depressivo já sente pena de si próprio, por sua condição, mas sim por precisar de outras pessoas (de sua paciência, carinho e compreensão).
Não lhe dê mais motivos para adoecer.
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